Tuesday, June 21, 2011

Governo novo, vida nova...

Parafraseando o povo que em cada ano repete desejos de uma vida nova mas obviamente melhor, pelo menos secretamente desejada. Agora que temos um novo governo, não podemos ter a veleidade de esperar uma vida melhor. Ela será certamente mais cheia de dificuldades para a esmagadora maioria dos portugueses, exceptuando aqueles - sempre os mesmos - para quem o sol sorriu à nascença ou que, por meios ilícitos ou afortunados, adquiriram um estatuto que os torna imunes às dificuldades dos demais.
Os mais esperançados lá vão dizendo são dois anos de dificuldades e depois lá virá o sol para todos... Não nos iludamos. O buraco em que nos metemos todos é muito fundo e para sair dele não há governo capaz. A história que vivemos hoje faz-me lembrar a "Carta a Sir John Bull" admiravelmente escrita por Ramalho Ortigão há 124 anos. Enquanto ele se dirigia à muleta inglesa a que subservientemente nos encostámos então e que agora podemos comparar à União Europeia e como a ela cedemos toda a nossa capacidade de autodeterminarmos o nosso futuro sustento e soberania. Então, Ramalho Ortigão assinava a carta com a dedicatória "teu amigo, aliado e freguês constantemente explorado e agradecido". O que podemos dizer agora em relação à UE , ao FMI e a todos os poderes fáticos deste mundo a que nos submetemos, explorados até ao tutano e humilde e humilhadamente agradecidos?
Destruímos sistematicamente a nossa capacidade de produção na indústria, na agricultura, nas pescas, em especial nos governos altamente competentes e bons alunos do cavaquismo em troca de umas quantas esmolas fáceis chamadas fundos estruturais que eram supostos elevar-nos ao nível dos mais desenvolvidos. Qual ilusão? fomos ficando cada vez mais fundo à medida que a nossa capacidade de produção se reduzia, obrigados a importar com esses fundos o que a europa nos oferecia para desenvolver as estruturas que construímos. Agora temos as infraestruturas mas não temos o que fazer e utilizar com elas e, na agricultura, os fundos maiores são para não produzir, porque o que é preciso é comprar os excedentes europeus. A UE e o FMI "dão-nos" dinheiro para pagarmos juros usurários que o nosso rendimento jamais realisticamente poderá superar.
Não nos enganemos! Acabou-se a "determinação" do "discurso arrogante" e agora temos a "determinação" das "falinhas mansas". É apenas a "espuma dos tempos" ou a mudança de estilo obviamente necessária para iludir os mais distraídos e os cansados de ouvido.
Este país só tem solução quando o povo, como em 1383, se levantar e expulsar os "vendilhões do templo"... Foi na sequência desse gesto colectivo que se começou um novo futuro e chegámos a dominar o mundo! Agora, não seriam precisos 100 anos para chegarmos tão alto, nem seria necessário porque os tempos são outros e tudo é muito mais rápido e efémero!

Sunday, January 3, 2010

Avaliação dos professores

É caso para dizer: a ministra vai nua...
Foi para as negociações desarmada, convencida que ia negociar com gente de boa fé... Quem acompanhou as negociações anteriores e não estava emocionalmente e directamente envolvido na questão, cedo se deu conta que a negociação seria um fracasso. Por mais cedência que o governo e a ministra anterior concretamente fizessem não satisfariam nunca os sindicatos que pretendiam tão só continuar com uma avaliação de fachada e com o acesso generalizado ao topo da carreira. Tinha que dar em fracasso, sem qualquer cedência dos sindicatos.
Esta ministra foi para o debate revirou a proposta anterior, acabou com a divisão da carreira, simplificou mais ainda o processo da avaliação e o que deu? nada... cedências, zero! Os sindicatos chegaram a afirmar que a proposta era pior que a anterior!!! Mas, porquê? simplesmente por aquilo que referi anteriormente e que repeti agora: cedências zero: querem todos chegar ao topo da carreira! A avaliação de Bom que consideram condição para chegar ao topo da carreira não é mais do que a avaliação que qualquer professor obtém, se cumprir as suas obrigações mínimas! É o equivalente na avaliação na função pública de "adequado". Então como dar a todos esses o topo da carreira? Como distinguir aqueles que são muito bons e ainda os excelentes? Que motivação teriam os professores para dar mais do que o esforço normal? Nenhuma. Ou seja, a avaliação de nada serviria.

Friday, December 18, 2009

Ainda a magistratura...

Acabou o folhetim "eurojust". Mas será que acabou mesmo? Todos estão satisfeitos menos o envolvido naturalmente que renunciou ao cargo certamente contrariado. Uns satisfeitos porque lhes fizeram a vontade, outros porque saciaram a sua sede de delatores, outros apesar de satisfeitos procuram chegar mais longe insinuando insidiosamente ou às claras; outros ainda porque se pôs uma pedra em cima.
Para quem não é do meio e se limita a observar todo o imblóglio há algo que não bate certo em tudo isto: então os magistrados deste país são influenciáveis e são delatores? Duas qualidades que insuspeitava poderem ser próprias da magistratura. Pois é: os senhores magistrados que aceitaram almoçar com outro magistrado (que sobre eles não tinha qualquer ascendente e mesmo que tivesse seria sempre e apenas uma conversa) e dessa uma conversa, qualquer que pudesse ter sido o seu teor, assumiram ter sido "pressionados" e admitiram a qualidade de poder ser "influenciados". Não tendo chegado vestir essa pele de pressionáveis e influenciáveis, depois foram delatar a situação a um outro (ou outros) seus pares que deram voluntaria ou involuntariamente com a língua nos dentes. O sindical máximo, por sua vez, em vez de ter tratado o assunto no foro próprio, aceitou ser pressionado, depois de uma primeira inconfidência, aparentemente fortuita, pelos jornalistas que lhe não largaram a perna e acabou por assumir o papel de delator público em espaço televisivo nobre.
Assim vai a magistratura: pressionável e influenciável... Eu que pensava que a magistratura era independente, não influenciável, não pressionável, incorruptível... E ficou tudo satisfeito!

Tuesday, December 8, 2009

Incineração. Outra revanche?

Vamos a ver...
Perdida a causa nos tribunais, agora apelam para uma revanche na Assembleia da República. Como oportunisticamente o PSD abandonou de vez a perspectiva de ser governo e de tomar posições com responsabilidade nas políticas que o pais precisa, está à vista mais um acto de desgoverno. O que é preciso é que os resíduos industriais em vez de queimados como em toda a europa se continuem a acumular pelas esquinas e terrenos deste país, poluindo hoje, amanhã e a vida das gerações futuras. A esquerda que devia ser responsável começou por agitar as mentes mobilizando as populações sempre disponíveis para abraçar causas aparentemente justas e miríficas. Foi fácil. A direita, como era oposição, para não lhe ficar atrás embarcou no movimento, dando voz aqueles que estão sempre dispostos a cantar na praça pública para ganhar notoriedade. Porque é sempre fácil encontrar argumentos para defender causas aparentemente justas. Há sempre soluções melhores que outras; haja quem as possa pagar, o que não é o caso num país exaurido de recursos e quando há outras soluções mais baratas e imediatamente disponíveis, e satisfatórias como se comprovou com os trestes efectuados. Quase apostava em mais um acto de terroristo político na AR. Esperemos para ver.

Friday, November 27, 2009

Frustados governam

Neste país anda tudo ao contrário. Ninguém faz o que deve e lhe compete... Juízes em vez de julgar dão entrevistas, magistrados em vez de investigarem criticam juízes e outros magistrados, e agora, novidade de última hora, deputados em vez de legislar passaram a governar, substituindo-se ao executivo, interferindo com a gestão do país para a qual o governo foi eleito. Se o governo aceita a situação, deixará de ter espaço para gerir e o melhor que tem a fazer é demitir-se e provocar eleições antecipadas. Assim, não vamos lá para enfrentar a crise.

Sunday, November 22, 2009

Ainda a justiça...

Decidiu-se finalmente o arquivamento das escutas. Finalmente porquê? Provavelmente apenas porque elas eram do domínio público. Se o não fossem, não estávamos agora preocupados. Eram do domínio do segredo de justiça e da guerra entre interpretações legais de magistrados e assim teriam ficado, até virem a lume em caso de processo aberto. Uma questão ficou ainda por esclarecer cabalmente: se só o supremo as pode autorizar, como é que aconteceram sem essa autorização e se sucederam umas atrás de outras?
É claro que a guerra não fica por aqui e há-de levar anos a encerrar. E em cada momento que seja de interesse de alguém relembrar a sua existência elas voltarão às páginas de jornais, com toda a minúcia, para entreter e distrair português daquilo que é essencial.
A lei está tão bem feita que hoje ainda ninguém sabe ao certo o que lhes fazer agora, o que lhes devia ter sido feito logo que foram detectadas, etc. E isso é válido qualquer que seja a personalidade política em causa nos três mais altos cargos da nação. o que exige que a lei seja revista rapidamente, para evitar que outro magistrado com uma leitura da lei mais sensível, ou com os ouvidos mais tísicos, e se desencadeie novo processo em cadeia na praça pública para entreter português, porque está demonstrado que as malhas do poder judicial estão rotas.
Aqui fica uma sugestão: em vez dos senhores deputados andarem entretidos com inquéritos paralelos, em sede de parlamento, de questões que são do foro dos tribunais e estão em investigação, regulamentem devidamente essa lei e tantas outras que aguardam regulamentação, para poderem ser aplicáveis. O parlamento não é a sede maior do poder legislativo? ou passou a ser um poder de inquisição paralelo do judicial?

Tuesday, November 17, 2009

Suprema Justiça

Não quiz acreditar. Tive de ouvir duas vezes, primeiro na rádio, depois na tv. Primeiro sem imagem, depois com imagem. Era mesmo verdade.
Ainda não aprendeu. Nem a ficar calado, nem a falar claro, nem a falar pouco, o mínimo indispensável, se é que era o momento e o local para dizer algo, encontrando-se numa casa que não é sua e, por sinal, na do mais alto órgão de soberania.
É este um dos supremos magistrados que temos. Se é isto que melhor representa a justiça suprema deste país, o par dos pares, o melhor dos melhores, o que andará por lá. Se fosse crente diria: meu deus, tira-mos daqui...
Como cada vez compreendo melhor o bastonário mal-querido: fujam! fujam, para longe, acrescento eu. Será que neste país a mediocridade venceu por todo o lado? não há já pessoas à altura dos mais elevados cargos do país? onde andam as competências? o que fizemos nós para os merecer? não há ninguém que lhes retire a confiança?